sábado, 23 de outubro de 2010

*Lápide* ARIANO SUASSUNA

Quando eu morrer, não soltem meu Cavalo
nas pedras do meu Pasto incendiado:
fustiguem-lhe seu Dorso alardeado,
com a Espora de ouro, até matá-lo.


Um dos meus filhos deve cavalgá-lo
numa Sela de couro esverdeado,
que arraste pelo Chão pedroso e pardo
chapas de Cobre, sinos e badalos.


Assim, com o Raio e o cobre percutido,
tropel de cascos, sangue do Castanho,
talvez se finja o som de Ouro fundido

que, em vão - Sangue insensato e vagabundo
-tentei forjar, no meu Cantar estranho,
à tez da minha Fera e ao Sol do Mundo!


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