segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Quietude


Quando teu silêncio


emudecer no meu,


e os dois se acasalerem


numa plenitude imoral,


é chegado o sinal


de que nosso amor


é bem possível.




Amar é tornar


a quietude


indivisível.

Pertinácia


Tropeçou vezes incontáveis,

topou com restos

de quem desanimou.


Feriu os pés,

soluçou de dor,

olhou o céu,

sorriu

e foi...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Cinzas de Rondônia


O lugar de onde vim
não mais existe.
Sepultado no esquecimento
nos parenteses do tempo.
ele agora consiste
num epitáfio
sem nome...

No lugar onde agora estou
plantei dos sonhos
o que restou.
Fiz desta terra meu tudo
e contudo
só encontrei
aquilo que lá deixei.

No solo dos corações
há desertos e rochedos,
há regiões abissais
há fome, agústia e medo.

No solo dos corações
há tristeza e solidão,
caminhos dissimulados,
horizontes tão distantes...

Percorridos pelos sonhos,
por pesadelos medonhos,
por um nunca despertar.

Do lugar para onde vou
não há retorno,
nos caminhos do universo
o que vive mais ao longe,
fica a salvo em seu inverso.

E vou seguindo a canção
não importa a direção,
esta canção que me chama
a voz de alguém que me ama.

Eu sei bem de onde vem,
da minha infância distante,
rios de lembranças de fogo,
e cachoeiras de luz.
De volta ela me conduz
esta voz que me seduz...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

*Estado Psicológico*


E de chorar já sou pranto.


de relembrar esquecida.


Nas mãos palmas calejadas


cavando desejos proibidos.




E de pensar já sou louca,


não há encontro prá mim


não tenho nome em tua lista,


não iniciei sou teu fim.




Com tantos erros passados


ganhei má fama sozinha,


com tantos passos errados


não encontrei meu caminho.




Tentei abrir as mãos e não ví nada,


nem mesmo aquele beijo que me foi roubado


nem aquele antigo abraço que ganhei.




Eu lutei, perdí!


Porque contigo errei...




E de pecados sou negra,


de relutar sou sem forças.


De persistir sou sem vista,


de agredir comunista.




Não tenho eira nem beira,


não tenho amor para amar.


Não posso amar, sou prisioneira


da vida esquecida,


das lutas perdidas.






E seguindo sem luzes


ninguém verá minha partida.


Não quero deixar saudades,


nem prantos na despedida.




E se me quer na lembrança


guarda meu nome contigo,


meu nome é nome, só nome.


É simples mas decisivo.




Na flor das noites de sangue,


eu parto sem chorar dor.


Eu parto mas deixo contigo


o que aquí fui...


Eu deixo amor!